O enfrentamento das desigualdades de gênero
Apesar de que, da outra vez que teve aqui [o workshop], que eu reclamei muito que ele [o irmão] não me ajudava, daí eu cheguei em casa e conversei com ele, com o pai, com a mãe. Hoje ele levanta, a primeira coisa que ele faz é perguntar se tem alguma coisa para fazer. Ele limpa o quarto dele, limpa o banheiro, vai ajudando. Ele mudou bastante. Só que partiu da conversa entre família. Eu que chamei todo mundo lá e falei. Ou muda ou eu não faço mais nada. [...] No mesmo dia que a gente conversou, eu com a mãe ia sair, daí o pai falou: ‘fica uma de vocês para poder fazer comida para a gente’. Mas daí eu falei: pai, você e meu irmão sabem cozinhar, por que vocês não cozinham? Aí eles ficaram pensando, e falaram: ‘Podem ir’. A partir daquele dia eles mesmos fazem a comida para eles. Eles limpam casa, fazem tudo certinho. [...] Lá em casa o bom foi que a mãe pensou no mesmo jeito que eu. Nós duas chegamos a um acordo para conversar com eles. Eu cheguei para minha mãe e falei: não estou aguentando mais, estou trabalhando demais, ainda estudando. Aí ela falou, pois é, e eles também não fazem nada dentro de casa. Aí nós duas chamamos os dois para conversar e, a partir dali, começou a mudar.
Depoimento de educanda do Ensino Médio – noite.
Colégio Estadual do Campo Contestado – Lapa – Paraná.
Workshop: 16 de março de 2016.
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