O acesso ao conhecimento
Sobre a diversidade dentro da escola, o pouco debate que teve foi bem embasado, causou “grande revolta” nos alunos e eles começaram a debater e a entender um pouco. Dentro da escola o processo de preconceito é muito grande. [...] O projeto fez os estudantes dar uma levantada, começar a debater até a questão do machismo dentro da escola. Analisando as escolas que estão nas redondezas, a nossa é a escola com o maior número de LGBTS, porém tá todo mundo escondido, ou a maioria. Dá mais trabalho, achar, conversar, fazer formação. Em um coletivo de 400 estudantes, quase 30 são LGBTS dentro da escola. Mas, a maioria tá no armário. São poucos [que se afirmam], pelo processo do assentamento mesmo. A gente tem caso de assassinato de LGBTS dentro do assentamento. Bem triste a realidade assim. [...] Aquelas piadinhas preconceituosas. Se chamar de veado dentro da escola sai um bate-boca de meia hora. O pessoal aprendeu a debater.
Outra coisa lá na escola, na comunidade tem muita influência religiosa. A maioria dos nossos estudantes são evangélicos e a maior parte dos LGBTS dentro da escola é evangélica [...] e se recusam muito até de participar do debate político. Tão muito amarrados ali porque a igreja os bloqueou de tudo, censura. [...] Tem dois casos dentro da escola de alunos que estão num estágio de depressão quase profunda por conta disso. Sabem da sua homossexualidade, mas não se aceitam por medo da família e tal. Pior prisão é a prisão interna. Na nossa escola agora a gente está tentando entrar num maior debate para concretizar um coletivo da diversidade dentro da escola, [...] mas vamos esperar o tempo de cada um. [...] Então, se um tiver consciência humana, tiver embasamento teórico para conseguir debater acho que a gente consegue “converter” outras pessoas a não serem homofóbicas, não serem machistas.
Depoimento de estudante do Ensino Médio.
Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strosak – Rio Bonito do Iguaçu – Paraná.
Seminário: 24 a 26 de novembro de 2016.
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