Superando o preconceito
Você vê muita diferença por trazer a formação de gênero para dentro da escola. Uma diferença que a gente percebe é nas falas. [...] Colocar esse problema que também é social, que nós temos do machismo, da homofobia, do racismo. A escola dentro do assentamento é um processo de formação muito grande. A gente está acostumada a ter uma visão de mundo, a receber a informação acumulada que as pessoas têm, dos pais. Quando você chega à escola, você dá de cara com essa discussão de gênero, você fica assustada no começo. Mas, ao longo dos dias, dos meses, dos anos você vai aprendendo o que é machismo, o que é racismo, enfim, homofobia e muito mais, né. A gente não consegue mais ouvir uma música sertaneja que seja machista, homofóbica, que coloca a mulher lá embaixo. Por exemplo: "Ajoelha e chora", do Michel Teló. 'Ajoelha e chora quanto mais a gente bate mais ela adora'. E a gente escutava há muito tempo e era tranquilo antes, dançava, era uma “maravilha”. Eu preciso colocar isso aqui gente, eu era muito preconceituosa, mas a escola ajudou a me desenvolver nesse processo. Depois que você aprende que o preconceito, a homofobia são um atraso; e o que eu fico mais impressionada é que eu escutava aquelas músicas, eu cantava aquelas músicas, eu ensinava os outros a cantar aquelas músicas e hoje eu não consigo.
Depoimento de Estudante do Ensino Médio.
Colégio Estadual do Campo Contestado – Lapa – Paraná.
Seminário: 24 a 26 de novembro de 2016.
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